Assim se Cumpre em Mim a Lei de Talião (16ª Parte)

Acordei com os olhos húmidos para a noite agradável. O Homem Orquestra acolheu-me com uma bela canção para acordar. Olhei aquele céu sintético iluminado por estrelas artificiais e esperei pela manhã, enquanto decidia o que ia fazer quando a estrela principal surgisse na pradaria. Pensava nas almas aprisionados e no que poderia fazer poe elas. Decidi perdoá-las e tentar fazer com que se salvassem. Quando a estrela da manhã despontou e o sol ainda era só anunciado por um tom de laranja no céu azul por cima da verde pradaria onde as vacas que eu ia salvar pastavam. Quando lhes apareci à vista, duas das manadas aproximaram-se de mim, enquanto as outras, que estavam mais longe, continuavam a vida mecânica. Divisava cerca de três centenas de manadas ao longo das pradarias e dos cumes verdejantes. Olhei a primeira e vi ser uma mulher que matara os filhos e se suicidara. Via-se que vivera em pobreza. A mulher, com os cabelos desgrenhados mirava-me com esperança enquanto saltava e soltava impropérios. Estava numa pequena divisão que parecia uma prisão. Afastei-me dela e pensei que devia ser perdoada. Ergui a mão e um sopro celestial formou-se em volta da vaca. Ela começou uma convulsão e reapareceu com asas e voou para as estrelas. A todas as outras vacas, ex-criminosos penando fiz o mesmo e todas elas subiram marchando pelo céu. Durante cem anos perdoei os mais horrendos criminosos da história que subiam, na verdade para uma armadilha (a minha experiência do Inferno permi-te dizer-mo), mais um jogo de crueldade levado a cabo pelo Criador. O Homem Orquestra, agora conheço-o bem, tem sido a melhor das companhias, um anjo enviado por hordes celestiais.

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