A Noite do Laboratório Louco

O pai acabou de encaixotar a filha
Largou o caixote numa barca
Que foi para uma ilha
Que em estranhas histórias não era parca

O caixote com a garota foi descarregado
Um cientista imundo aguardava-a ansiosamente
Por velas velado misticamente
Sorrindo no nevoeiro carregado

Dentro do caixote, sem a cobaia ter visto
O cientista que o seu rapto ordenara (E VICE-VERSA),
A rapariga acordava agora sacudida pelo imprevisto
Gritando a cólera que no seu peito alastrara

Quando a noite caiu sobre a Ilha
E o pai já se tinha esquecido da filha
Uma grua moveu o caixote para as alturas
E deixou a moça suspensa num sonho de sepulturas

Sob o caixote, 20 metros ao lado
Do local exacto onde ele se encontrava nas alturas
E aonde a moça sonhava com sepulturas
Batendo nas paredes da sua prisão com o espírito abalado,

O cientista sossegado sentava-se num trono dourado
Deu a ordem em silêncio, com um gesto já pensado
A grua largou o caixote que caiu na escuridão
E que com um som seco chegou ao chão

Com a queda a rapariga morrera,
Mas a caixa não se partira.
Lá dentro uma alma palpitava, agora fora do seu corpo
O cientista precipitou-se para ela como um louco para compreender esse estranho sopro

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Contos Eróticos de Fernando Bacalhau (Alexandra Lencastre)

Dicionário com palavras pessoais

As Mais Belas Palavras da Língua Portuguesa